Esses dias o amigo Gustavo Krause compartilhou um link de uma antiga cópia escaneada do livro Guia Prático da Autossuficiência, de Jonh Seymour, escrito em 1981. Apesar de bem datado, o livro é atual em sua mensagem, com riquíssimo conteúdo prático e ilustrações didáticas.
Seu objetivo é óbvio. Mostrar como é possível viver, contando exclusivamente com a natureza para atingir, na medida do possível, a autossuficiência. O livro explica como lidar com a colheita, respeitar a terra, manter-se saudável, produzir seu próprio alimento e não desperdiçar nada.
Biografia
John Seymour foi um ambientalista, agricultor, ativista e visionário, considerado por muitos o grande guru da autossuficiência. Nasceu em Londres em 1914. Trabalhou na África do Sul numa exploração com 200.000 ovelhas, num barco de pesca e numa mina de cobre.
Na segunda guerra mundial lutou contra os italianos na Etiópia, posteriormente foi colocado no antigo Ceilão e na Birmânia, onde combateu contra os japoneses, que aprendeu a respeitar. Quando soube da bomba lançada em Hiroshima, sentiu-se ultrajado e nunca perdoou os aliados por isso.
De volta a Inglaterra, organizou trabalho na agricultura para milhares de prisioneiros de guerra alemães. Na mesma época começou a sua longa colaboração com a BBC, numa comunicação pela rádio de 15 minutos, onde falava de assuntos que lhe interessavam.
Escreveu em 1961 o livro “The Fat of the Land”, baseado na sua própria experiência, onde celebrava o conceito da autossuficiência que via como antídoto para uma sociedade que roubava aos cidadãos a dignidade e amor-próprio.
O guia prático
O Guia Prático da Autossuficiência surge pouco depois da crise petrolífera e foi um estrondoso sucesso. Por esta altura, John e a família já se tinham mudado para uma quinta maior, em Gales, onde continuou a cultivar a terra e escrever com uma inesgotável energia.
Nas duas últimas décadas viveu numa pequena parcela na Irlanda, onde ensinava a arte de ser autossuficiente. Regressou a Gales à quinta que tanto gostava para passar os seus últimos 18 meses de vida, com a filha Ann e os netos. Faleceu em setembro de 2004, com 90 anos de idade.
Viver no campo
Citando a própria introdução do seu livro, “autossuficiência não significa o regresso a um passado místico, em que as pessoas, recorrendo a utensílios arcaicos, com muito esforço arrancavam do solo sua subsistência e queimavam os vizinhos incômodos, acusando-os de bruxaria”.
“Autossuficiência não significa “voltar atrás”, não significa aceitação de um nível de vida inferior – desde que você não avalie o nível de vida pelo número de cilindros do seu carro, pelo número de ternos ou vestidos que você tem nos armários ou, ainda, pela área do seu apartamento”.
“A autossuficiência irá ensiná-lo a viver autenticamente, libertá-lo das tarefas superespecializadas dos escritórios e das fábricas; ela colocará você diante de inúmeros desafios que o farão chorar – às vezes de alegria, outras, de tristeza”.
“Além disso você sentirá que está revivendo, seu corpo se habituará de novo aos alimentos frescos e naturais, e seus músculos se desenvolverão”.