Acordar em cima da hora, sair correndo para trabalhar, comer fora de casa… Essa rotina frenética é muito comum para grande parte da população, principalmente para quem mora nos grandes centros. Muitas vezes, por causa dessa pressa toda, a qualidade de vida fica de lado, fazendo com que a prática regular de atividades físicas e uma alimentação de qualidade não tenham espaço. Neste contexto, pisar no freio é necessário e por isso cada vez mais se fala em Slow Food!
Como surgiu o Slow Food?
A partir do século XX, o tempo na cozinha das pessoas foi reduzido drasticamente, pois surgiram uma grande quantidade de alimentos enlatados, pré-prontos, que só precisavam ser aquecidos antes do consumo ou até mesmo os fast foods. A vida de quem cuidava do lar foi facilitada mas, claro, com uma queda na qualidade dos alimentos.
Nadando contra a maré, muita gente espalhada ao redor do mundo vai contra esse estilo de vida acelerado e estão repensando o modo de encarar as refeições. Para essas pessoas, saborear os alimentos e comer com calma é muito importante, tanto, que essa é uma das principais características do Slow Food, “comer devagar” em tradução livre. O movimento foi criado em 1986, pelo italiano Carlo Petrini e conta com apoiadores em mais de 150 países.
Porém, não pense que o movimento seja baseado apenas no prazer de comer de maneira mais devagar, já que as etapas de escolha dos alimentos e preparação também são tão importantes quanto a degustação, sem contar que à consciência e responsabilidade com o planeta também entram em jogo.
Entenda melhor o Slow Food
Os três princípios básicos do Slow Food são: alimento bom, limpo e justo. Seguindo esses passos, você pode consumir itens mais naturais, sazonais, que devem ser apreciados calmamente; a produção e o consumo não devem afetar o meio ambiente e o bem-estar animal; os preços devem ser justos, para que sejam acessíveis à população.
Outro fator importante do movimento é respeitar o tempo de cada coisa, ou seja, cada legume ou fruta tem uma época de plantio e colheita; como cada item demora determinado tempo para ser cozido ou assado, por exemplo. Assim também, os animais não devem receber rações para que engordem em um tempo muito curto.
É interessante entender que comer não é apenas uma função vital, mas uma enorme experiência que envolve os sentidos, mescla culturas e ainda conta histórias. Assim, é possível manter tradições vivas ao mesmo tempo em que se saboreia uma mesa farta e que conta com itens que respeitam os produtores, os alimentos e o meio-ambiente. A qualidade é mais importante do que a quantidade, assim como a melhor maneira de preparo é mais válida do que o modo mais rápido.
Para promover esse diálogo, são feitas feiras, conferências e outros eventos que reúnem produtores para que todo o conceito seja explicado e, assim, possa ser expandido para a maior quantidade de pessoas possível. Além disso, os temas abordados são tratados na prática e você pode escolher pelos quais mais se identifica, como: abelhas, fazenda familiar, povos indígenas, desperdício de alimentos, queijos artesanais, vinhos, peixes e outros.
Benefícios do movimento Slow Food
Para começar, sua saúde já sai no lucro, pois o consumo de conservantes, agrotóxicos, corantes e outros é reduzido, fazendo com que o risco de desenvolver algumas doenças como obesidade, diabetes e outras seja menor.
Apreciar mais tempo com a família ou pessoas que você gosta pode ser uma boa pedida para melhorar a qualidade de vida, você pode aproveitar o momento do preparo do alimento para curtir essas pessoas, assim como no momento da refeição também. Pequenas mudanças como essas podem diminuir o estresse e a ansiedade.
Os produtores locais ganham espaço no mercado e assim conseguem ter um lucro maior para que cada vez produzam mais alimentos e com uma melhor qualidade.
Além dessas vantagens, trazendo um ritmo de vida mais calmo para as refeições, é possível aprender a desacelerar a vida em outros sentidos, assim, tornando mais fácil parar, respirar e apreciar pequenos detalhes com mais calma. Isso também pode fazer com que seja mais simples tomar escolhas mais sensatas, entender melhor o que queremos para nossas vidas.
Como colocar em prática
Com algumas mudanças simples no seu dia, você pode fazer parte deste movimento. Para isso basta seguir alguns passos simples, como: montar uma horta em casa, assim, você obterá alimentos frescos e saudáveis; dê preferência para pequenos produtores, assim, você ajuda o comércio local e ainda sabe a origem dos ingredientes; valorize cada refeição, como em lugares tranquilos e tente aproveitar ao máximo esse momento. Aproveite para cozinhar junto com as pessoas que você gosta.
Uma forma interessante de consumir produtos locais de outras regiões é através dos kits da Caixa Colonial. Todo mês você recebe em casa um kit com produtos artesanais e coloniais, cada mês de um lugar diferente. Junto com os produtos na caixa, acompanha um encarte contando quem são os produtores e a cultura alimentar desses alimentos.
Arca do Gosto
Desde 1996, o movimento criou um catálogo chamado “Arca do Gosto”, que conta com mais de 3.500 alimentos divididos em categorias animais, hortaliças e frutos que podem ser encontrados em grande parte do mundo, mas correm o risco do desaparecimento.
Entre esses alimentos, 130 deles são brasileiros, como vários tipos de mel, palmito juçara, pinhão e pitanga. Você pode conferir a lista completa no site do movimento. E caso você queira contribuir para que esses alimentos não deixem de existir, basta tentar sempre tentar incluir produtos da sua terra ao cardápio.
Se você tem vontade de fazer parte desse movimento ou apenas conhecer mais a fundo o que é Slow Food, é possível fazer uma doação ou até mesmo se tornar um membro. Para isso, basta encontrar uma convivia perto da sua casa ou cidade.
Vale ressaltar que o Slow Food não é um alimento lento, que demora para chegar à mesa, mas um conceito de refeição que une produtos locais, pratos preparados com saúde e a apreciação de todo esse processo.