Nosso papel pela soberania alimentar

 

Ao abrir um restaurante ou simplesmente fazer compras para sua família, uma pessoa tem a possibilidade de escolher, através do seu poder de compra, quem será beneficiado. Este é um dos reflexos da (re)evolução do ato de cozinhar. Finalmente estamos pensando sobre nossas atitudes cotidianas e nas suas consequências. Ponderar como o ato de adquirir um pão (ao escolher uma padaria local ao pão industrializado) pode ou não espelhar na economia da sua região, demonstrando não somente esta nova realidade apresentada, como também nos fazendo perceber que as nossas atitudes têm o poder da mudança.

Foi em 1996 que o movimento internacional de agricultores A Via Campesina pela primeira vez apresentou o conceito da soberania alimentar como sendo “o direito de cada nação a manter e desenvolver os seus alimentos, tendo em conta a diversidade cultural e produtiva”. Em resumo, ter soberania plena para decidir o que se cultiva e o que se come.

Cultura e alimento

Outra questão importante é de relacionar o alimento com sua produção, no sentido de afirmar a cultura de quem produz ao produto, ou seja, todo alimento manifesta a cultura do povo que o produziu. Portanto, relacionar com os saberes tradicionais que desenham os modos de vida no espaço rural, o saber dos pequenos agricultores, dos pescadores, dos quilombolas e dos indígenas é reconhecer as potências identificadas no conhecimento vivido, no trato com a natureza, nas relações de cooperação, nas resistências e lutas por melhores condições de vida.

Pensando nesta relação da comida, fazem-se cada vez mais necessárias as discussões políticas e sociais, estruturadas na sustentabilidade da cultura alimentar. Entretanto, não se iludam, pois há discursos vazios, puramente publicitários, advindos de alguns profissionais e empresas, que em se valendo do amadurecimento da cozinha profissional brasileira, propagam responsabilidade social sem planejamento ou continuidade produtiva. Não há mais tempo nem espaço para políticos, empresas e pessoas ignorarem os impactos das suas escolhas.

Mapeamento e iniciativas

Existem mapeamentos que são realizados para melhoria de escoamento de produção, para projetos futuros de construção de estradas nas regiões rurais do país que também possuem importante papel na localização de produções rurais. O Censo Agropecuário 2017 organizado pelo Instituo Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) estima que cerca de 5,3 milhões de propriedades agrícolas foram visitadas desde outubro do ano passado até o final de Fevereiro de 2018. Após o mapeamento, onde serão colhidas importantes informações sobre a produção, sazonalidade e quantidade de produção, teremos um mapa atualizado para parcerias futuras com estes produtores.

De qualquer forma é importante entender que as políticas públicas começam com a demanda de uma sociedade e dela, além das necessidades apresentadas, muitas vezes encontramos soluções que envolvem medidas simples e em geral coletivas. Um bom exemplo é o trabalho da Caixa Colonial, que valoriza os pequenos produtores locais e fomenta a cultura alimentar das regiões brasileiras.

Fonte consultada: O poder da comida

Jeferson Jess

Fundador da Caixa Colonial, um clube de produtos regionais e artesanais por assinatura que valoriza o pequeno produtor local

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