O processamento artesanal de alimentos faz parte do modo de vida das populações rurais. São produzidos para o consumo de subsistência e também procurados por consumidores do meio urbano, fazendo parte de seu imaginário porque remetem à valorização do meio rural, às lembranças da infância e a um passado ainda recente, pois a maioria vivia no meio rural ou ainda tem fortes ligações com a colônia.
Esses valores intangíveis do produto colonial voltam a ganhar relevância diante dos crescentes questionamentos à produção impessoal e distanciada das ditas commodities, ao desenraizamento da economia das relações sociais e às crescentes preocupações dos consumidores com os problemas de saúde, ambientais e sociais gerados pela industrialização do sistema agroalimentar. Vide repercussão da recente operação Carne Fraca e as denúncias sobre a qualidade da carne industrializada.
A erosão de saberes
Ao mesmo tempo que, por sua qualidade diferenciada, passam a ganhar relevância junto aos consumidores, os produtos coloniais estão sob risco de desaparecer. Segundo o livro “Produtos coloniais: tradição e mudança”, da editora Argos, está em curso a erosão de saberes entre as famílias de “colonos” e a perda desses saberes pela especialização produtiva fruto da integração da agricultura familiar em cadeias agroindustriais.
Um exemplo citado no livro é a presença de produtos coloniais na região oeste de Santa Catarina “nas barbas” de uma das maiores concentrações de grupos agroindustriais do País, sofrendo com a imposição de normas sanitárias orientadas pelo paradigma do (ultra) processamento industrial de alimentos em grande escala. Esse fato, que se repete de forma generalizada pelo país, impede a inserção dos produtos coloniais no mercado, contribuindo para a desvalorização e desconhecimento do próprio saber acumulado pelas famílias.
Outra problemática que se soma é o êxodo rural, sobretudo dos jovens, que certamente compromete as características futuras do meio rural. Daí a necessidade de resgatar e registrar seus métodos e processo tradicionais de produção, algo que temos como missão intrínseca na Caixa Colonial, além de entregar produtos locais para consumidores conscientes.
Comida de verdade
Não é sem razão que o tema “Comida de verdade no campo e na cidade: por direitos e soberania alimentar” foi o lema definido pelo Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea) em 2015. Ou que o Fórum Brasileiro de Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional tenha organizado, em 2013, um debate sobre “que alimento (não) estamos comendo”, promovendo uma campanha intitulada “comida é patrimônio”.
Afinal, os significados atribuídos aos produtos coloniais não se caracterizam como comida de verdade? Não seriam eles um bom exemplo de alimentos que corremos o risco de não mais comer? Qual é o nosso papel como sociedade e consumidor?
Fonte: Livro “Produtos coloniais: tradição e mudança”, editora Argos.
Orgulho desse projeto!!! Excelente iniciativa, que alem de divulgar as culturas e o perfil humano que eh lindo de ver, de cada local, nos poe em contato com as maravilhas da tradicao alimentar. Esses produtos sao feitos com amor e muita dedicacao. Precisamos te-los por perto novamente. Sao de uma riqueza insetimavel e deveriam ser catalogados como patrimonio da humanidade. Parabens pelo belo projeto!!!
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Esses mesmos produtores talvez nao saibam, mas sao heróis !
Como médico ortomolecular, testemunho diariamente em consultório que as doenças crônicas sao resultado de “comestíveis” industrializados.
Basta CORRIGIR HÁBITOS ALIMENTARES para que a imensa maioria dos doentes se recupere rápido – SEM MEDICAMENTOS, que mais prejudicam do que curam!
Basta ver que nossos bisavós eram saudáveis, magros, fortes, ativos e longevos!
Por favor, MANTENHAM essa posiçao construtiva!