Terroir. Palavra bonita, de origem francesa, sem tradução para outros idiomas, e sempre presente quando se fala em bons vinhos. Faz lembrar terra, território, mas não é só isso.
Na definição do dicionário francês Larousse, terroir é o conjunto de terras de uma região, consideradas do ponto de vista de sua aptidão agrícola e de fornecimento de um ou mais produtos característicos. São os chamados produtos de terroir, não somente o vinho, mas também queijos, embutidos, geleias, especiarias, mel e alimentos em geral. Em comum entre todos há o respeito pela qualidade do produto e pela identidade de seu lugar de origem, que faz cada produto ser reconhecido como único e como referência de qualidade.
O homem por dentro do terroir
Sem homem não há terroir. O fator humano é indiscutivelmente uma variável muito importante na explicação do termo. O homem tem como função e atributo ajudar a natureza a exprimir suas melhores qualidades para resultar no melhor produto.
Por exemplo, os produtores de queijo artesanal de várias regiões de Minas aprenderam com seus antepassados a cortar a massa do queijo com uma espátula grande de madeira, em grãos desiguais, isso é uma característica do componente humano do terroir encontrado nos queijos artesanais de Minas Gerais.
O modo de fazer queijo de brasileiros, franceses e italianos faz com seus produtos sejam diferentes, não somente quimicamente, mas culturalmente, o que reflete no sabor.
Denominações de Origem
Uma vez entendido o conceito de terroir, fica fácil entender o que são as Denominações de Origem: são demarcações que estipulam a área de incidência de um determinado terroir.
O Brasil tem 49 produtos com certificação com Indicação de Procedência ou Denominação de Origem. São itens certificados pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi), a pedido de associações, sindicatos e cooperativas de produtores locais.
É o caso dos vinhos tintos, brancos e espumantes produzidos no Vale dos Vinhedos, no Rio Grande do Sul, que foram os primeiros a receber certificação com Indicação de Procedência no país, em 2002. Isso significa que apenas os vinhos produzidos nessa região gaúcha podem ostentar o título de vinho do Vale dos Vinhedos.
Entre os produtos certificados no país estão o vinho, café, carne, cachaça, uva, camarão, cajuína, calçados, queijo e até serviços de tecnologia de informação. Vinte estados têm produtos regionais com certificação. O Rio Grande do Sul lidera o ranking com dez produtos, seguido por Minas Gerais, com oito.
Terroir e a Caixa Colonial
Em um mercado atual de múltiplas demandas, os terroirs e seus recursos estão cada vez em pauta. Por outro lado, pouco se estuda sobre o que é o terroir concretamente: sobre os modos de elaboração dos produtos locais, sobre os saberes e práticas que são trabalhados, o lugar que eles ocupam nas sociedades locais e seus usos alimentares.
Longe de resolver essa controvérsia, a proposta da Caixa Colonial procura democratizar o acesso dos produtos locais, independentemente de a região existir um terroir regulamentado ou não. O que importa aqui é valorização do pequeno produtor, dos produtos típicos e artesanais, selecionados de acordo com o contexto histórico, social e geográfico de cada região. Em um país tão grande, rico e diverso, prestar esse tipo de curadoria e serviço é uma forma de contribuir com o reconhecimento da nossa identidade e território.